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O encolhimento da base - A gratidão de Ilson Dias

Atualizado: 7 de nov.

Durante os anos 70, consumou-se o processo de fragmentação da organização dos bancários no estado. O Sindicato dos Bancários criado em 1935 permaneceu por 24 anos representando o conjunto da categoria em Santa Catarina.


Nos anos 90, os bancários chegariam a ter 20 sindicatos, alguns representando "bases" com menos de 500 trabalhadores. O processo de pulverização de sindicatos começou em 1959, com a criação de dois sindicatos: Tubarão (em 12 de outubro) e ltajaí (em 5 de dezembro). Em 14 de novembro de 60, foram excluídos da base os municípios de Joaçaba, Concórdia, Capinzal, Chapecó, Piratuba, Caçador, Videira e Campos Novos, pela criação do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Oeste Catarinense. Um ano depois, foi criado o Sindicato de Laguna.


Os anos 70 começaram com a exclusão dos municípios de Criciúma, Araranguá, Sombrio e Turvo, em 17 de novembro. Em 1º de setembro de 76 a base sindical foi por fim fixada nos municípios ele Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro ela Imperatriz, São João Batista, Tijucas, Urubici, São José, Rancho Queimado, São Bonifácio, Antônio Carlos, Anitápolis, Gov. Celso Ramos, Bom Retiro, Canelinha, Águas Mornas, Paulo Lopes, Nova Trento, Alfredo Wagner, Porto Belo, Leoberto Leal, Major Gercino, Angelina, Garopaba e Biguaçu. Tirando os municípios que agora integram o sindicato de Balneário Camboriú, esta passou a ser a base do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Florianópolis e Região.


Para Ilson Dias, dividir era fortalecer. Em 1972, o Sindicato representava bancários de 144 municípios e havia outros cinco entidades. "Olhando para o desenvolvimento do sindicalismo catarinense, o nosso sindicato levou ao conhecimento do Ministério do Trabalho a necessidade de criar mais sindicatos para poder representar aquela região distante da capital", afirma Ilson Dias. "A iniciativa foi da minha gestão. Graças ao sindicato aqui da Capital, nas nossas gestões, é que conseguimos também descentralizar para fortalecer o sindicalismo catarinense".


A gratidão Ilson Dias

Um dos episódios mais críticos das gestões de Ilson Dias ocorreu em 1983, quando o governador Esperidião Amin ordenou o corte das gratificações semestrais pagas por vinte anos aos bancários do Besc. As gratificações seriam substituídas por um abono no valor do salário de janeiro de 83 e 10% de adicional sobre os salários de julho/83 e janeiro/ 84, condicionados à melhoria da situação financeira do banco.


Amin afirmava que o Besc passava por dificuldades em função das enchentes, que destruíram as cidades do Vale do Itajaí. Sindicalistas que representavam bases de fora do estado atacaram a proposta do governador: "Nós achamos que eles estão cobrando os gastos que tiveram com as eleições (de 1982) dos bolsos dos funcionários do Besc", afirmava Ronald Barata, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. Em Santa Catarina, as vozes contrárias só ecoavam fora das paredes do sindicato.


A categoria também era contra e as publicações do Sindicato reproduziam sucessivas decisões de rejeitar a proposta, fortalecer a mobilização e preparar manifestações contra a extinção da gratificação. Em 9 de agosto, a diretoria do Sindicato enviava aos bancários uma nota oficial informando que estava ingressando com reclamatória trabalhista para garantir o pagamento integral da gratificação - e para isto pedia o preenchimento de uma procuração até o dia 15.


Ilson Dias negociando a gratificação semestral no BESC


O desfecho de uma negociação que estendeu-se por meses foi melancólico. Ao contrário das primeiras assembleias para discutir o assunto, realizadas às 19h30 no Auditório da Prefeitura Municipal, o Sindicato convocou uma nova assembleia para meados de agosto, às 15h, no ginásio da FAC. Realizada em horário de trabalho, a assembleia contou com presença majoritária de gerentes e chefias - cargos de confiança da direção do banco. A mesa da assembleia estava instalada no centro do ginásio, separada da categoria pelo alambrado de arame. Até o microfone, para a participação dos presentes, ficava do lado de dentro da quadra. A decisão da assembleia sepultou a mobilização da categoria e consumou uma derrota até hoje amargada pelos bancários do Besc.


Em setembro, Ilson Dias ingressou com ação individual na Justiça do Trabalho contra o Besc, exigindo a manutenção da gratificação como direito adquirido. Perdeu em primeira instância, na Junta de Conciliação e Julgamento, mas recorreu. Há quem diga que o governo gratificou Dias, por impedir a resistência ao corte do direito.



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